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“A gente ouviu muitas vezes que tínhamos uma escola do século XIX, um professor do século XX e um aluno do século XXI. E em uma semana essa escola teve que migrar para o século XXI. Houve uma imensa mudança da cultura escolar.”

A frase é de Luiz Magalhães, diretor pedagógico da rede de escolas Luminova, em operação há dois anos, com três unidades na capital de São Paulo e uma em Sorocaba, interior do Estado.

Segundo Luiz, quem já vinha se preocupando com as competências do século XXI saiu na frente na adaptação para o ensino híbrido. A rede Luminova é um exemplo, que vem atuando sobre cinco pilares, sendo um deles “trabalhar com metodologias ativas e inovadoras como o blended learning”.

“A gente já tinha essa experiência de trabalhar com os alunos a distância. A grande mudança e desafio foi trabalhar com os alunos remotamente ao vivo, implementando um novo design instrucional reformulado agora com dois momentos: o assíncrono e o síncrono”, diz Luiz.

A reformulação do plano de aprendizagem para adaptar os LabSpaces (como a Luminova chama suas salas de aula), incluiu a divisão dos encontros com os alunos em três momentos: virtual (no qual o aluno interage com a plataforma, mas sem o professor estar disponível), on-line (com professor disponível por meio de fórum ou chat) e ao vivo (momento síncrono via streaming ou videoconferência). 

Confira dicas para motivar alunos no ensino a distância

 

“Nós vivemos a onda do ensino presencial por séculos e em questão de semanas mudamos para o ensino a distância. Agora está chegando uma nova onda com o ensino híbrido, com o presencial e o remoto acontecendo ao mesmo tempo. Em São Paulo, a perspectiva é que 35% dos alunos voltem às salas de aula em um primeiro momento. Nas mesmas turmas, existem alunos que vão estar em sala de aula e outros em casa”.

Luiz Magalhães diz que o próximo passo é aumentar a performance digital das escolas, para alcançar melhores resultados nessa próxima etapa. E destaca a importância de ter uma boa plataforma de LMS/AVA (Learning Management System/Ambiente Virtual de Aprendizagem), para que os professores possam acompanhar seus alunos, orientá-los, medir sua performance, fazer avaliações, etc. 

“Não basta ter uma plataforma de teleconferência para dar conta deste novo híbrido. É preciso investir na formação dos professores/influenciadores, baseada no movimento do blended learning, combinando digital e analógico. Um exemplo? Nós sempre tivemos um contexto muito tradicional de avaliação, de forma individual, com papel e caneta, com prova, correção e nota. Agora as escolas estão tendo mudanças em seus movimentos avaliadores, que avançaram bastante, com as correções digitais.”

Segundo Luiz Magalhães, houve um aumento de 286% de acesso dos professores a plataforma de formação continuada usada pela Luminova, mostrando um imenso interesse autônomo de capacitação, para oferecer uma aula de melhor qualidade de ensino, cada vez mais personalizada e com foco na autonomia do aluno.

“Interessante que, no presencial, os alunos eram tratados como um todo e agora, no ensino a distância, existem movimentos de identificar a necessidade básica individual de cada um deles. Alunos que eram uma incógnita no presencial agora dão baile de interação e participação”, diz Luiz, mostrando a importância do ensino híbrido, para ter um aluno cada vez mais protagonista de seu aprendizado. O diretor da Luminova também chama atenção para o aumento da participação de pais nas atividades da escola no modelo a distância.

“Eu acho que o grande avanço que vamos ter no futuro é que as instituições de ensino vão se tornar centros de encontros, de participação e de contexto sociológico. Mas vamos ter uma forte distribuição de conteúdo, de ensino e de aprendizagem, no modelo híbrido. Forçosamente, nós conseguimos quebrar as paredes das salas de aula, que vão ganhar uma nova dimensão e nunca mais serão as mesmas. Nós aprendemos muito e vamos ter que ter a coragem de continuar ousando. Não dá para voltar ao modelo anterior”, completa.

 

Como fazer avaliação dos alunos a distância? Conheça exemplos

 

Grandes mudanças na avaliação formativa

Susan Clemesha, diretora acadêmica da Sphere International School, rede de escolas bilíngues inovadoras, diz que o contexto híbrido trouxe “a possibilidade de avaliar como avaliamos e de pensar o que devemos e como devemos avaliar.”

Ela chama atenção das muitas lembranças negativas que existem ao pensar na avaliação tradicional, por meio de notas, e que o momento é de criar uma nova cultura de avaliação com modelos mais flexíveis e personalizados.

Susan explica que a avaliação formativa é um termo ligado à avaliação processual, e vem sendo substituído por “avaliação para a aprendizagem”.

“Na nossa escola existe um foco maior em monitorar e documentar e uma ênfase menor em mensurar e dar notas, principalmente até o quinto ano. Nós reconhecemos muito o processo e não somente o produto”, diz.

A diretora explica o que é feito na Sphere para criar essa documentação pedagógica, tornando a aprendizagem cada vez mais visível:

“O professor precisa ser formado para esse tipo de avaliação, sempre com foco em como o aluno aprende e não somente o que ele aprende. É preciso avaliar não somente o conteúdo, mas as atitudes e habilidades que os alunos estão desenvolvendo, sempre com a colaboração de professores e pais para esse monitoramento.”

A diretora dá algumas dicas de como fazer avaliações formativas: 

  1. Usar mapas mentais (nos quais o aluno faz um apanhado do que aprendeu)
  2. Usar portfólios digitais para organizar melhor os dados (podem incluir tudo o que a criança está aprendendo e analisar esse percurso.) Antes usados somente com os mais velhos, agora também usados com alunos menores e de forma gratuita (ex: Google Sites, See Saw, Bulb)
  3. Criar momentos de auto-avaliação (um bom exemplo é o uso do aplicativo Flipgrid, para que os alunos gravem pequenos vídeos com suas ideias)
  4. Oferecer critérios para uma aprendizagem auto-regulada
  5. Oferecer e solicitar feedbacks individuais (lembrar de questionários não só para alunos, mas para pais e professores, que também precisam ser ouvidos)
  6. Promover a compreensão de metas e critérios do ensino/aprendizagem
  7. Promover a motivação dos alunos
  8. Reconhecer conquistas

“Ouvir cada aluno é muito importante, assim como fazer registros reflexivos (tanto a escola quanto o aluno), para aprender continuamente e desenhar novos modelos de ensino-aprendizagem, implementando movimentos contínuos de melhoria e de transformação. A gente está em um momento em que precisamos desapegar, para conseguir selecionar novas prioridades, não somente educar para o conhecido, para as notas, para o que os alunos sabem, mas educar para o desconhecido”.

Susan chama atenção para a importância dos meios de comunicação:

“Não existe receita, nem um único modo, o que sabemos é que uma boa comunicação talvez seja o maior motivo de sucesso de uma escola no momento. Essa comunicação é feita de diversas maneiras: aplicativos de comunicação escolar, redes sociais, cartas, circulares, rodas de conversa, reuniões de diversas naturezas, etc. Os pais precisam ser formados sobre esses novos modelos de ensinamento/aprendizagem on-line, dessa nova cultura escolar e isso se faz por meio de muita conversa, discordância e sem ter medo de um encontro de ideias divergentes. São elas que nos fazem crescer”, finaliza.

 

Veja como o aplicativo escolar pode ser um grande aliado na comunicação entre escolas, pais e alunos durante o ensino remoto emergencial