No Brasil, a Semana da Dislexia ocorre entre os dias 03 e 09 de outubro e é uma oportunidade para debater sobre a importância do diagnóstico dos alunos, até mesmo para poder impulsionar o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com Juliana Amorina, presidente do Instituto ABCD, uma organização social que se dedica a melhorar a vida de brasileiros com dislexia, essa é uma condição que pode afetar a autoestima, deixando os estudantes mais desmotivados e, uma das consequências, é a evasão escolar.
“Pessoas disléxicas frequentemente se sentem menos inteligentes e capazes do que elas realmente são. Dificuldades acadêmicas podem desmotivar o aluno e causar evasão escolar”, afirma.
De acordo com dados do Mapeamento da Dislexia no Brasil, de 2021, há 8,6 milhões de brasileiros com dislexia, o que corresponde a 4% da população.
Recentemente, o Instituto ABCD lançou o Perfil do Transtorno Específico da Aprendizagem. Segundo o estudo inédito, realizado em parceria com a Cisco e o Instituto IT Mídia, com mais de 300 participantes de todas as regiões do país, 80% das famílias relataram impactos emocionais negativos em crianças e jovens como tristeza, ansiedade e baixa autoestima.
Semana da Dislexia: o que as escolas devem observar?
Juliana Amorina, presidente do Instituto ABCD, afirma que ao avaliar a consciência fonológica e outras habilidades linguísticas de crianças entre 4 e 5 anos, é possível determinar se elas apresentam riscos de dislexia.
“Apesar de esses sinais não confirmarem a existência da dislexia, essas crianças já podem se beneficiar de um trabalho de intervenção precoce, que consiste em atividades e jogos e pode ser realizada por pais, cuidadores e professores. Pesquisas demonstram que a intervenção precoce é bastante eficiente e evita que as dificuldades se agravem”, explica.
Por isso, Juliana ressalta que o professor tem um papel muito importante neste processo, já que os sinais ficam mais claros durante o processo de alfabetização. “É possível perceber dificuldade em aprender o nome das letras, inversão de sílabas na hora de ler ou escrever, confusão entre palavras que soam parecido, lentidão na leitura, entre outros”, pontua.
E como é feito o diagnóstico?
No Brasil, a avaliação diagnóstica geralmente é feita por uma equipe multidisciplinar, composta por diferentes profissionais que podem variar, dependendo dos sintomas apresentados e do centro ou clínica responsável pela avaliação.
Segundo Juliana, a equipe pode ser constituída por psicólogo, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, médico (pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra) e psicopedagogo. “A vantagem da equipe multidisciplinar é garantir uma avaliação integral, em que cada profissional contribui com entendimentos e olhares específicos de sua área de conhecimento”, afirma.
A profissional ainda destaca que o acesso ao diagnóstico é fundamental. “Quanto mais tardio, maior o impacto na aprendizagem e, com frequência, consequências emocionais”, enfatiza.
Principais sintomas da dislexia
Antes mesmo de saber seus sinais, é importante compreender o que é dislexia. Trata-se de uma condição caracterizada pela dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras e pela baixa habilidade de decodificação, conforme explica Juliana.
Agora, conheça os principais sinais em crianças:
- erros ao pronunciar palavras longas (por exemplo: cacholo em vez de cachorro ou helicótero no lugar de helicóptero)
- dificuldade para aprender o nome das letras, números, cores e para aprender letras de músicas infantis, entre outros.
Conscientização é reforçada na Semana da Dislexia
Celebrada entre os dias 03 e 09 de outubro, a Semana da Dislexia é inspirada no evento mundialmente reconhecido Dyslexia Awareness Week e tem, como propósito, promover e disseminar a causa da dislexia no Brasil.
Nesta terça-feira (4), o Instituto ABCD promove uma ação gratuita nas estações Pinheiros e Largo Treze, em São Paulo, para conscientizar o público sobre possíveis sinais de dislexia em crianças e adultos.
“Profissionais do Instituto estarão instalados em um espaço disponibilizado pela CCR, companhia que administra as linhas Esmeralda e Lilás, para esclarecer o que é a Dislexia e como buscar ajuda quando os sinais da dislexia são identificados. A ação integra a campanha Quebrando as Barreiras da Dislexia, liderada pelo Instituto ABCD e marca a 12ª edição da Semana da Dislexia”, explica Juliana.