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Cientista de dados, especialista em inteligência artificial, machine learning, especialista em big data, internet das coisas, automatização de processos, analista de segurança da informação. Sabe o que todas essas profissões do futuro têm em comum? A necessidade de dominar a tecnologia. Por isso, tecnologia na educação é um assunto que precisa fazer parte do dia a dia do gestor de escola.

Afinal, para conseguir preparar os estudantes para o mercado de trabalho, é preciso estar atento às principais tendências. É importante destacar que uma pesquisa da DataFolha revelou que 98% dos alunos do ensino médio querem que as instituições de ensino ofereçam essa preparação.

Para se aprofundar na importância da tecnologia na educação, o Escolas Exponenciais conversou com Guilherme Camargo, CEO e fundador da Sejunta, consultoria especializada em tecnologia educacional.

O profissional falou como as escolas devem conduzir esse processo para o futuro das profissões dos atuais alunos e, ainda, quais recursos tecnológicos devem fazer parte da rotina escolar. Confira a entrevista.

 

Escolas Exponenciais: Para os próximos anos, a expectativa é que a maioria das profissões exija o domínio da tecnologia, certo? Como as escolas devem preparar os estudantes para esse mercado de trabalho?

Guilherme Camargo: Correto! Inclusive há estudos disponíveis indicando que o futuro do trabalho vai exigir que os profissionais sejam capazes de resolver problemas complexos e integrar e empregar as tecnologias de maneira criativa na rotina empresarial.

As instituições de ensino precisam refletir, em um primeiro momento, sobre quais são as habilidades que precisamos desenvolver e sobre quais abordagens são ideais para este desenvolvimento, considerando a tecnologia na educação como ferramenta para alcançar esses objetivos.

Após esta primeira reflexão, recomendamos que as escolas façam um plano estruturado com metas, objetivos, indicadores de sucesso e definindo a equipe que será responsável pela condução. 

Com a estrutura montada, a própria escola estará pronta para preparar os estudantes a enfrentar os desafios do mercado de trabalho. Dentre as estratégias adotadas no planejamento, vemos que o pensamento computacional, a criatividade e a capacidade de integrar as tecnologias nos processos são os principais pontos a desenvolver com os estudantes de hoje.

 

EX: Quais competências e habilidades são fundamentais desenvolver nos alunos para essa nova realidade profissional?

Guilherme Camargo: De acordo com estudos, artigos e a própria movimentação em esfera global, notamos que algumas habilidades são percebidas como mais relevantes para o profissional do que outras. Dentre as habilidades, as que ganham destaque são “Pensamento Analítico e Inovação”, “Resolução de Problemas Complexos” e “Criatividade, Originalidade e Iniciativa” que aparecem no relatório chamado “O Futuro dos Empregos”, atualizado recentemente. 

No entanto, o desenvolvimento de estudantes para que possam lidar com os desafios do futuro requer mais esforços do que apenas olhar para as habilidades: requer adotar tecnologias que possam proporcionar novas experiências de aprendizagem com contexto, significado e de maneira ativa, promovendo o protagonismo do estudante no processo.

 

EX: Neste contexto, qual a importância de as escolas também incentivarem a criatividade? E como fazer isso em sala de aula?

Guilherme Camargo: A criatividade é uma habilidade humana que até hoje nenhuma tecnologia conseguiu replicar. Vejo a criatividade como uma habilidade que vai permitir que os estudantes, quando chegarem ao mercado de trabalho, possam pensar diferente sobre os processos e sobre a maneira como as tecnologias são empregadas.

Quando trabalhamos a criatividade, trabalhamos diferentes maneiras de alcançar um mesmo objetivo, permitindo que os estudantes pensem diferente e busquem novas soluções para os problemas conhecidos, desenvolvendo assim não somente a criatividade, mas também outras habilidades essenciais para o futuro.

Para promover a criatividade na sala de aula, a escola precisa considerar diversos elementos que proporcionam e estimulam essa habilidade nos estudantes, como o próprio layout da sala, as propostas de aprendizagem facilitadoras para que o estudante encontre soluções para problemas reais e, principalmente, a instituição de ensino deve considerar as tecnologias que proporcionarão aos estudantes a autonomia de que precisam para desenvolver propostas para estes problemas.

 

EX: Pensando na importância da tecnologia na educação, quais recursos tecnológicos devem passar a fazer parte das instituições de ensino, visando aprimorar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos?

Guilherme Camargo: Não há uma “fórmula de bolo” da tecnologia na educação que recomendo para as escolas. Tudo começa com o propósito. É importante questionar quais são as habilidades que a escola quer desenvolver, quais são os ambientes que os educadores podem explorar como parte dos processos de ensino e aprendizagem, quais são as diferentes características dos estudantes que queremos incluir nas propostas de aprendizagem e também quais são os métodos ativos que queremos implementar.

O saldo que vemos desta reflexão é a adoção de tecnologias que exploram a mobilidade e também a colaboração online, de uma maneira que inclua todos os estudantes, com o uso de tecnologias assistivas ou não, nas práticas em sala de aula. Entendemos que o mais importante é querer e que tudo começa a acontecer depois que entendemos que o futuro do trabalho, na verdade, é hoje.

 

O que é tecnologia na educação?

Como o próprio nome já diz, tecnologia na educação é a utilização de recursos tecnológicos para a prática pedagógica. A tecnologia educacional tem o intuito de promover práticas inovadoras, dentro e fora das salas de aula, impulsionando o processo de ensino e aprendizagem.