Como a suspensão das aulas amplia o uso das Metodologias Ativas na educação básica?
O fechamento temporário das escolas acelerou de forma exponencial o protagonismo do aluno em seu modo de estudar. De uma hora para a outra, as escolas tiveram que transformar o ensino em 100% remoto, diante da pandemia. Apesar do acompanhamento a distância dos professores e das aulas que são dadas via computador, os estudantes passaram a ter muito mais autonomia para administrar sua rotina de estudo em casa.
E incentivar os alunos a estudarem de forma autônoma e a serem construtores de seu próprio conhecimento são os principais objetivos das “metodologias ativas”.
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Metodologias ativas para inovar na educação
“Os alunos estão em casa, com uma possibilidade de administrar o tempo de forma bem diferente do que o período em que vão à escola, e com uma necessidade enorme de manter a sua mente ativa, seja estudando conteúdos curriculares ou quaisquer assuntos do seu interesse”, diz Betina Von Staa, formada em Letras pela PUC/RJ, consultora em inovação em contextos educacionais e membro da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.
“Se entendemos que as metodologias ativas promovem o protagonismo do aluno e, com o apoio da web, em casa, os alunos podem estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, vale a pena explorar essas possibilidades”, afirma Betina.
De acordo com a especialista, os alunos em casa têm a possibilidade de estudar muito mais no seu próprio ritmo, mesmo tendo que seguir as orientações dadas pelos professores por meio de plataformas de aprendizagem:
“Neste momento, vale a pena incentivar que os alunos acessem conteúdos em formatos variados sobre os temas que estão estudando na escola. É interessante que os professores façam sugestões de links da internet sobre os assuntos que estão trabalhando. Eles podem sugerir vídeos, filmes, textos e até obras de arte.”
Para a Betina, é extremamente válido passar aos alunos trabalhos em formato diferente do convencional, para serem entregues em áudio e em vídeo.
“E por que não sugerir que os alunos simplesmente dediquem parte do seu dia a qualquer assunto do seu interesse e contem para os colegas sobre o que aprenderam? Replicar o modelo presencial mediado por tecnologia pode trazer uma sensação de que “funciona, mas não é a mesma coisa”, pois não é. Ao incorporar estratégias da aprendizagem híbrida e metodologias ativas nas propostas aos alunos, a sensação pode ser de “nossa, é até mais divertido e interessante aprender assim!”.
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A importância da arte como metodologia ativa
A escola Teia Multicultural, em São Paulo, aposta fortemente em metodologias ativas em seu processo de ensino, por meio de projetos que são realizados ao longo do semestre, sempre com a arte como eixo condutor do ensino, por meio da música, dança, artes plásticas, artes visuais, cinema e teatro.
No ensino remoto, a escola manteve a pedagogia de envolver o aluno da forma mais ativa possível em seu próprio estudo.
“A nossa proposta é que o próprio aluno consiga se organizar sozinho dentro de seus estudos. O nosso objetivo não é só fazer com que o aluno leia e responda questões feitas pelos professores, mas que ele realize sua própria pesquisa, desenvolva sua visão de mundo para responder as perguntas e também que ele desenvolva um pensamento crítico. Para isso, a gente aposta fortemente na produção de vídeos, fotos, objetos artísticos, para que ele brinque com o conhecimento aplicado. Isso é bem diferente das metodologias mais antigas”, diz Georgya Corrêa, idealizadora, mantenedora e diretora pedagógica da Teia Multicultural.
“Nós estamos mantendo a mesma forma pedagógica do presencial mas com projetos menores, de temas independentes, sempre muito ligado às artes, que, para nós, é um gatilho que estimula diferentes estudos e pesquisas dentro de um projeto interdisciplinar.”
Juan Otárola, coordenador pedagógico da escola e professor de teatro , reforça que a maior missão da Teia Multicultural é descobrir formas de desenvolver as habilidades dos alunos de um jeito inovador, interessante e que fomente o processo de investigação em cada aluno, com liberdade e responsabilidade.
“A gente quer construir a autonomia dos nossos alunos, fazendo com que eles enfrentem seus medos, fortaleçam sua autoestima, respeitem seu tempo, valorizem seus dons e habilidades. Tudo isso ajuda muito o processo de aquisição de conhecimento, pois dessa forma o estudante fica realmente estimulado e interessado em aprender.”
Juan conta que, desde que a escola iniciou o ensino a distância, em meados de março, a equipe vem procurando fazer as aulas de uma forma lúdica e bem humorada, com um material visualmente interessante.
“A gente procura trazer conceitos como criação dramatúrgica, construção de personagem, jogos teatrais… e como isso a gente tem visto as crianças se divertindo muito durante o estudo e até ansiosas pelas aulas seguintes, da mesma forma como a gente aguarda um episódio da nossa série favorita”, diz Juan.
Ele conta que um dos exercícios que praticam é fazer com que os alunos conversem em uma língua inexistente com alguém em casa, para que as crianças desenvolvam a linguagem corporal, a expressão e a criatividade.
“A gente chama isso de “Blabação” ou “Gromelô”. É interessante ver se o interlocutor entende o que a criança quer dizer. Tem outro exercício que é um diálogo somente feito com perguntas. Isso estimula muito a criatividade do aluno e faz com que ele consiga se desenvolver por meio das brincadeiras, dos jogos.”
Boas práticas em tempos de crise:
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Fique por dentro de alguns termos ligados às metodologias ativas:
- Aprendizagem Baseada em Vídeo // Video Based Learning (VBL) – metodologia que tem o objetivo de promover o aprendizado do aluno por meio de vídeos, de preferência altamente interativos.
- Aprendizagem Baseada em Problemas // Problem-Based Learning (PBL) – é uma proposta pedagógica que visa incentivar o aluno a realizar pesquisas para resolver problemas.
- Aprendizagem Baseada em Times // Team-Based Learning (TBL) – modo de ensino que busca fomentar a formação de grupos, para que os alunos aprendam a trabalhar em equipe com o professor, atuando como facilitador, em um ambiente de igualdade.
- Gamificação// Gamification – conjunto de atividades baseadas em estratégias de jogos, para engajar os alunos no aprendizado. É muito comum o professor utilizar fases e recompensas, como nos jogos eletrônicos, para tornar o ensino mais atrativo.
- Sala de aula invertida // Flipped Classroom – nessa metodologia ativa, o aluno estuda um tema em casa, sozinho, por meio da internet, e depois compartilha com a sala de aula, presencialmente, sua compreensão do tema, trocando experiências e saberes com colegas e professores. Essa metodologia mistura a experiência digital, que antecede a aula presencial.