Escola com foco pré-vestibular: desafios e oportunidades
Qual é a melhor forma de preparar os estudantes para entrarem em uma universidade? Como focar no Enem e em outros vestibulares sem deixar de lado os ensinamentos do último ano do Ensino Médio? Escola com foco pré-vestibular é o melhor modelo? Como dar segurança e maturidade para que seus alunos tenham sucesso na corrida por uma vaga no Ensino Superior? Essas são apenas algumas perguntas feitas constantemente quando abordamos os desafios do universo do Ensino Médio.
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Pesquisas indicam que escolas com foco no vestibular no último ano do Ensino Médio têm obtido melhores notas nas provas objetivas para ingresso no Ensino Superior. E isso tem feito com que muitos alunos migrem para essas instituições para terem um bom desempenho tanto no Enem, como em outros vestibulares.
Oportunidades oferecidas por escolas com foco no vestibular
85% dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Vital Brazil, no bairro do Butantã, zona oeste de São Paulo, ingressaram em faculdades públicas no ano passado. A escola, com apenas oito anos de vida, formou até hoje 5 turmas, sempre com uma taxa excelente de ingresso nas faculdades públicas e 100% de aprovação em faculdades particulares. A escola segue a tendência do mercado educacional brasileiro de aumentar a carga horária no Ensino Médio e tomar outras medidas que vêm se mostrando eficazes no pré-vestibular.
“O nosso foco é na aprendizagem e não existe somente um caminho para isso. Uma das nossas ferramentas é o aumento da carga horária – com período integral – que na terceira série é de segunda a sexta, de 7h10 às 17h10. Com esse sistema, o conteúdo do Ensino Médio praticamente acaba no fim da segunda série, começo da terceira. Depois entramos com revisão e aprofundamento, para que o aluno não tenha que fazer cursinho pré-vestibular por fora”, explica a diretora pedagógica da escola, Suely Nercessian Corradini.
Cursinhos pré-vestibular são vistos por muitos profissionais do setor como um gerador de desgaste físico e emocional, por fazerem com que o aluno passe por um novo e brusco período de adaptação, em um momento de tanta ansiedade.
Trabalho a longo prazo
“Outra decisão nossa foi a de realizar simulados desde a primeira série, quando também iniciamos o trabalho de orientação profissional. Também temos um assessor para cada área específica da escola, fazemos com que professores de áreas distintas trabalhem em conjunto e realizamos atividades interdisciplinares, como convidar pessoas de fora para conversarem sobre profissões com nossos alunos, ampliando o repertório deles”, complementa Suely.
A diretora ressalta que, acima de tudo, é importante usar metodologias diversificadas, focando em uma aprendizagem abrangente, que desenvolva tanto as competências cognitivas quando as sócio-emocionais. O aluno, quando conclui o Ensino Médio, precisa estar preparado sob o ponto de vista acadêmico, mas também ter maturidade emocional.
“O objetivo não é só entrar na faculdade, isso é somente a ponta do iceberg. O índice de aprovação é um indicador importante, mas o nosso objetivo maior é a formação integral desse estudante, desenvolver nele a valorização do conhecimento, do ambiente acadêmico, do trabalho em grupo, o ser responsável, ser um bom profissional. Uma escola não é boa pelo que oferece no terceiro ano, mas pelo projeto completo de muitos anos“, opina Suely Corradini.
Indicadores de qualidade
Profissionais do ramo da educação concordam que a boa pontuação no vestibular não pode ser o único critério de qualidade das instituições de ensino. Cada vez mais, escolas com uma proposta mais holística e integral estão ganhando espaço em meio às preocupações de formar jovens com habilidade e competências para o futuro, sem foco específico na preparação para o Enem e outros vestibulares.
A pedagoga Silvia Gasparian Colello defende que escolas de Ensino Médio têm, independente do seu foco, a missão de oferecer ao aluno uma formação que o permita se posicionar no mundo de forma ativa, ética e crítica. Professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da USP, Silvia diz que a preparação para o vestibular é importante, mas que não pode ser o norte da formação de adolescentes: “O bom resultado dos estudantes nos vestibulares deveria ser uma das consequências do projeto escolar eficiente, e não a única razão do ensino. Tão importante quanto o domínio de determinados conteúdos e o ingresso em uma boa faculdade, é a condição do aluno para viver a vida universitária assumindo o protagonismo da sua formação profissional e, mais que isso, para viver em sociedade de modo criativo, consciente e compromissado”, afirma a pedagoga.
Equilíbrio, palavra-chave
O custo emocional das escolas que exigem alto desempenho de seus alunos pode ser alto. Pressão por notas pode causar estresse e doenças emocionais. Por isso, especialistas ressaltam que ter equilíbrio é fundamental no preparo para o vestibular.
Existe uma infinidade de livros, artigos e blogs sobre como estudar para o vestibular que, em geral, trazem ótimas dicas para desenvolver bons hábitos de estudo, diz Maria Célia Lassance, psicóloga formada pela PUC de São Paulo e doutora em Psicologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Maria Célia fez uma lista bem útil de alguns pontos importantes na hora de estudar para o vestibular:
1) Estabeleça um espaço especial para estudar: arejado, limpo, organizado, claro e tão isolado quanto possível;
Confira: a influência da infraestrutura escolar no aprendizado
2) Crie uma rotina de estudos com horários fixos e siga essa rotina com disciplina;
3) Faça uma agenda realista, uma tabela com os dias da semana (inclusive domingo) e marque nessa tabela sua rotina;
4) Deixe o celular em modo avião, caso você precise consultar conteúdos que estejam ali, e fique longe das distrações (internet, TV, jogos, etc). Se utilizar a internet para acessar conteúdos, evite dar aquela “olhadinha” nas redes sociais;
5) Avise os mais próximos sobre seu horário de estudo e peça que não tentem entrar em contato, exceto se for uma emergência;
6) Estude matérias com as quais você se identifica intercaladas com as matérias mais difíceis para você;
7) Organize o material de estudo do dia previamente;
8) Comece pelo seu objetivo: o que estudar, até quando e a meta a atingir;
9) Analise onde estão os excessos. Estabeleça horários para a família, amigos, seu esporte favorito, lazer, TV, jogos, internet, leituras…. e estudo. Talvez você tenha de diminuir o tempo dedicado a atividades de lazer, mas não o exclua! Você não está de castigo porque tem uma meta de passar em uma prova seja para o que for;
10) Respeite-se e tenha persistência e disciplina para atingir seu objetivo. Se não conseguir, reveja seu esquema de vida e reorganize-se para o futuro.
Apesar da listagem super completa de dicas, Maria Célia complementa: “mas eu ainda acredito que o “pulo do gato” é a maneira como a pessoa dá significado ao estudo. Nossa vida é estruturada em papéis sociais que se entrecruzam. Isto significa que não se deve inserir a vida num único papel, no nosso caso aqui, de estudante. Ou seja o aluno não deve substituir sua vida social ou familiar pelo estudo e sim organizar uma agenda que contenha todas as atividades que normalmente realiza e inserir horários para estudo”.
A diferença entre a prova do Enem e a do vestibular
O Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) surgiu em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes do Ensino Médio no Brasil. Passou por diversas modificações e, hoje, é usado como forma de ingresso em diversas instituições de Ensino Superior. A principal diferença entre o Enem e os vestibulares é a lista de faculdades a que cada uma das provas dá acesso.
Fazendo o exame do Enem é possível concorrer a vagas, bolsas e financiamentos em diversas universidades. A prova é aplicada em todo o país e o conteúdo cobrado engloba Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, Código, Matemática e Redação. São 45 questões de cada área e uma nota média de 500.
Além do Enem, diversas universidades ainda possuem seus próprios vestibulares. Existem ainda as universidades que utilizam o sistema dos vestibulares seriados, uma forma de dividir a prova nos 3 anos do Ensino Médio.
O governo também criou o SiSU, Sistema de Seleção Unificada, usado para ingresso em instituições públicas. Para se inscrever no SiSU, o estudante precisa ter participado do Enem e não ter tirado nota zero na redação. A maioria das universidades públicas utiliza o SiSU, embora algumas tenham vestibular próprio.
5 linhas pedagógicas com destaque no Brasil
Tradicional: é a linha pedagógica mais comum no país, na qual o professor atua como figura central do ensino, repassando seus conhecimentos para os alunos por meio de aulas fortemente expositivas, com muitos exercícios de repetição para memorizar a matéria e grande foco na preparação dos alunos para o vestibular. No ensino tradicional, os estudantes têm metas a cumprir, passam por avaliações periódicas e quem não atinge a pontuação necessária precisa refazer o período.
Qual o papel do professor diante das novas tecnologias no processo educativo? Saiba mais aqui!
• Democrática: uma linha pedagógica com maior participação de alunos, pais, e demais funcionários da escola, não somente os professores. Nas escolas democráticas, o aluno é a figura central do processo de aprendizado e o professor atua como facilitador. Esse tipo de pedagogia tem foco na democracia e nos conceitos de cidadania.
• Montessoriana: método desenvolvido pela italiana Maria Montessori, no início do século 20. Essa linha pedagógica acredita que o aluno aprende agindo e aprende com base em suas próprias experiências. Por isso, o professor atua como um guia para o aprendizado, no qual a criança decide o que aprender a cada dia, seguindo módulos obrigatórios de avaliação.
• Construtivista: desenvolvido pelo filósofo Jean Piaget, o modelo construtivista é o método alternativo mais difundido no Brasil. A ideia dessa forma de ensino é que o aluno é capaz de construir seu próprio conhecimento e que o professor tem papel de mediador, facilitador. O método busca desenvolver o conhecimento por meio da formulação de hipóteses e solução de problemas, sempre com a referência na realidade do aluno. Muita ênfase na autonomia e no protagonismo do estudante (que utiliza os seus próprios conhecimentos para compreender novos). O ensino construtivista realiza provas e reprovações, assim como o tradicional.
• Waldorf: pedagogia criada em 1919, por Rudolf Steiner. É baseada na Antroposofia, ciência que estuda o ser humano em seus 3 aspectos: o físico, a alma e o espírito. A metodologia Waldorf trabalha o aluno de maneira holística, considerando cada criança como um todo: corpo, alma e espírito, dando igual importância para a formação ética, estética e acadêmica, equilibrando aquisição de conhecimento com desenvolvimento de habilidades artísticas, musicais, etc… Os alunos são divididos por faixas etárias e não por séries, em três ciclos de 7 anos, cada um deles com um tutor, que faz as avaliações de forma não tradicional. Os alunos não repetem ciclos, porque a metodologia acredita que o ritmo biológico do aluno não pode ser mudado.
Além disso, o uso de tecnologias no ensino médio tem sido de grande importância para o desenvolvimento dos alunos. Confira aqui como o ClassApp pode ser utilizado para esses casos!