Os jogos e brincadeiras para educação infantil têm um papel fundamental no desenvolvimento dos alunos. “É por meio das brincadeiras que as crianças aprendem, se encantam, se divertem e constroem conhecimentos, desenvolvendo diversas habilidades”, afirma a professora de Educação Infantil, Nária Ribas.
Conheça 10 músicas para trabalhar na educação infantil.
De acordo com a professora, a brincadeira possibilita um grande universo de descobertas que favorecem a interação, a autonomia, a criatividade e a imaginação. “A criança é movimento e é no brincar que essa liberdade de expressão aparece. As brincadeiras acabam sendo ferramentas para estimular a consciência corporal, o raciocínio lógico, a linguagem, a parte sensorial e social”, diz.
As potencialidades dos jogos e brincadeiras para educação infantil
As brincadeiras podem acontecer em qualquer lugar ou espaço, tudo é possível quando a intenção é brincar. Um exemplo disso, aponta Nária, são os elementos da natureza, que despertam e aguçam a imaginação das crianças na hora de explorar as diversas possibilidades com esses materiais.
“Um graveto se transforma em uma pessoa ou um lápis para desenhar na areia; a folha pode se tornar a asa de uma borboleta para brincar de voar, e as pedras, jogos de empilhar. Um arsenal muito rico e encantador”.
Outras brincadeiras podem ser mais específicas com as habilidades que se deseja trabalhar ou jogos com regras que contribuem para a socialização e interação entre as crianças.
Com a ajuda da professora Nária, do educador José Francisco Aparecido, conhecido como Professor Chiquinho, do programa De Criança para Criança, que oferece um leque de metodologias de educação híbrida para escolas de todo mundo, e do Fabiano Maranhão, mestre em Educação e pesquisador de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras, reunimos algumas sugestões:
1. Jacaré do Lago
Tem como potenciais a serem desenvolvidos a atenção e a concentração, a lateralidade, a expressão corporal e a oralidade. Pode ser explorado com crianças a partir de 2 anos.
Para brincar é preciso demarcar o espaço em dois lugares representando um rio; escolher uma criança para ser o jacaré e esta ficará no meio (“dentro do rio”), enquanto as demais ficarão de um lado, atrás da marcação.
Cantar a música do Jacaré do Lago e, ao finalizar, as crianças devem atravessar o rio correndo, sem deixar o jacaré pegar. Pode repetir várias vezes e quem for pego será o jacaré da rodada.
Música: “Jacaré do Lago, jacaré do lago, de olho arregalado, olhando para o lado, querendo me pegar, mas eu sou bem esperto, o lago é bem aberto, eu vou atravessar”.
2. Vamos passear, shhh!!!
Olha o que estou vendo é um dos jogos e brincadeiras na educação infantil que trabalha a imaginação, criatividade e esquema corporal. Pode ser explorado com crianças a partir de 2 anos.
Sente-se com as crianças e comece dizendo a frase: Vamos passear? Shhh! Olha o que eu estou vendo?, realizando os gestos e movimentos e imaginando diferentes contextos para explorar (floresta, fazenda, fundo do mar…).
3. Rabo do gato
Desenvolve a agilidade, equilíbrio, movimento e interação. Pode ser explorado com crianças a partir de 3 anos.
Utilize tira de tecido ou um pedaço de papel crepom para representar o rabo. Um participante coloca preso na roupa na parte de trás, e os demais correm para pegar o rabo do gato. Quem conseguir será o gato da vez, que deverá proteger o próprio rabo.
4. Esconde-esconde diferente
É possível brincar com bebês e até com adultos, o que muda é a complexidade das regras e espaços. Se esconder atrás de um pano ou de uma árvore, usar dicas enigmáticas para encontrar alguém utilizando mapas ou até mesmo o celular, etc.
5. Dublador
Essa é uma brincadeira legal para crianças, desde a fase da alfabetização à adolescência. Os participantes escolhem uma cena de algum filme ou desenho animado e depois criam textos diferentes aproveitando a cena para fazerem a narração.
Essa brincadeira propiciará aos participantes novas experiências no jogo dramático. Vários conteúdos podem também ser aplicados nesta brincadeira, assim como as habilidades desenvolvidas: liderança, controle da ansiedade, memória e imaginação, criatividade, administração do tempo, etc.
6. Mamba
É um tipo de serpente africana, da África austral, existem espécies verdes e negras, ambas são muito venenosas. Recolhida na África do Sul, a brincadeira é um tipo de pega-pega.
Uma pessoa é escolhida para ser a mamba, a cabeça da cobra, que será o pegador. Para o campo de jogo, usa-se meia quadra esportiva ou marque com giz um campo que comporte o número de participantes, no pátio ou em uma sala sem mobiliário.
Durante a brincadeira, todos os participantes devem permanecer dentro dessa demarcação, mas tentando escapar da serpente. Ao sinal, o jogo começa, a mamba tenta pegar os jogadores. Quando um é pego pela serpente, deve posicionar-se atrás da mamba, segurando-a pela cintura ou pelos ombros.
Cada participante que é tocado pela mamba se junta ao último do “corpo” da serpente. Dessa forma ela vai ficando cada vez mais comprida. Só a criança que é a cabeça da serpente pode capturar os jogadores, mas o “corpo” da fileira que se formou deve ser usado para interceptar ou atrapalhar os fugitivos.
Os jogadores não podem cruzar o corpo da serpente (romper a fila). A brincadeira acaba quando restar apenas um jogador sem ser pego. E recomeça com esse sendo a mamba.
7. Caixa surpresa
Nessa brincadeira, o professor irá mandar para a casa de um aluno uma caixa de papelão encapada a fim de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O professor vai fazendo descrições do material, até que as crianças descubram o que é.
8. Equilíbrio na corda
Brincadeira de andar na linha (barbante, corda, etc.). Seja criativo, faça um circuito como um pântano, floresta, rio com jacarés, entre outros.
Dependendo da faixa etária, use músicas. Por meio dessa brincadeira é possível trabalhar a coordenação motora, consciência corporal, equilíbrio e tônus muscular.
9. Pega-pega
Um dos jogos e brincadeiras na educação infantil mais conhecidas entre as crianças, não precisa de nenhum material específico e pode ser aplicada a todas as idades. Porém, é necessário bastante espaço para as crianças correrem. Nesse jogo, escolhe-se uma pessoa para ser o “pegador” e as outras devem fugir, evitando ser pegas.
Quando o “pegador” tocar em algum dos seus colegas, eles trocam de papel e a criança que foi pega passa a ser o “pegador”. É uma atividade ótima para desenvolver o senso de direção das crianças, assim como a agilidade, raciocínio e rapidez.
10. Estátua
Indicada para o desenvolvimento do equilíbrio, atenção e paciência. Nela, é colocada uma música para a turma toda dançar. Quando as crianças estiverem bastante soltas e relaxadas, a música para.
Com a ausência da música, os participantes devem parar de se mexer, ficando na mesma posição na qual se encontram, como estátuas. A criança que conseguir permanecer por mais tempo imóvel ganha o jogo.
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Benefícios dos jogos e brincadeiras para educação infantil
“As brincadeiras já fazem parte da Educação Infantil por excelência, mas a realização de atividades que permitam que os pequenos se expressem artisticamente contribui para um desenvolvimento de múltiplas linguagens, amplia o vocabulário, o repertório e expande também as questões corporais”, afirma Débora Garofalo, professora e coordenadora do Centro de Inovação de Educação Básica Paulista.
“Tanto a arte como a brincadeira têm muito para ser exploradas e aí entra a intencionalidade e o planejamento do professor. Então, sem dúvida nenhuma, a brincadeira tem que estar presente em toda etapa e não só no desenvolvimento infantil, mas também a partir dos anos iniciais, finais e até ensino médio. Esse lúdico precisa ser resgatado, precisa estar presente”.
Como escolher a brincadeira adequada para cada faixa etária
– Os bebês (menores de 1 ano) apresentam um período de pleno desenvolvimento de descobertas.
“E esse é o melhor momento para a contação de histórias, para apresentação de personagens com objetivos coloridos e criativos, para a adequação de espaços com tapetes, com poltronas e com redes que ajudarão bastante nessa magia. Além disso, a música nesse período tem um papel importante também”, destaca José Francisco Aparecido, o professor Chiquinho.
– Já a partir de 1 ano, em geral, a criança começa a interagir com mais frequência com os objetos ao seu redor, assim o faz de conta e as brincadeiras corporais ganham lugar no brincar.
– Para cada faixa etária, afirma o professor Chiquinho, a brincadeira trará novas possibilidades para as crianças e é importante que os pais percebam esse processo de desenvolvimento de seus filhos.
Não há regras estabelecidas com respeito ao brincar, o que temos são sugestões de brincadeiras para idades diferentes de crianças.
“Reforçamos não ser necessário a compra de tantos brinquedos, pois o brincar é simples e a criança se encanta pelo simples, assim estimule os seus filhos a criarem seus próprios brinquedos”.
Jogos e brincadeiras na educação infantil
Para o professor Chiquinho, cabe à escola compreender a necessidade e importância do brincar. De acordo com ele, não faz sentido a preocupação das instituições de ensino na criação de espaços cada vez mais parecidos com salas de aula para adultos.
“A escola deve repensar os seus espaços constantemente, tanto nas áreas internas como nas externas, pois o fenômeno ‘aprendizado’ acontece em todos esses lugares. Oferecer aos professores e aos cuidadores cursos de capacitação sobre esse tema trará novas possibilidades para a escola”, afirma.
O professor destaca ainda que se o educador não estimula ou não brinca com seus alunos, a probabilidade de se ter uma sala de aula sem disciplina é maior.
Sugestões do professor
– Ouça os alunos com respeito sobre as brincadeiras que eles gostam
– Crie ambientes propícios para esses momentos
– Converse com as famílias sobre a importância das brincadeiras
– Desenvolva jogos reutilizando materiais descartados
– Realize pesquisas sobre diferentes brincadeiras das regiões brasileiras ou estrangeiras
– Caso a sua escola tenha vários segmentos, troque ideias, compartilhe as brincadeiras e jogos
– Tire o foco do consumir e foque no construir, no criar e no fazer
Para além do brincar
Graduado em Educação Física pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Fabiano Maranhão, que possui pesquisas em jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras, corporeidade negra e educação das relações étnico-raciais, sugere passos importantes e não tão simples de mudanças por questões estruturais, mas, segundo ele, fáceis quando se tem consciência e responsabilidade social:
– Tirar gênero dos brinquedos e brincadeiras. Se é brinquedo de criança, meninos e meninas podem e devem ser estimulados a experimentarem;
– Ampliar e garantir diversidade étnico-racial em brinquedos, histórias e brincadeiras que possuem personagens humanos (bonecas negras, indígenas, com deficiência; brinquedos com mais cores, não somente o rosa e azul);
– Provocar a imaginação, explorar objetos não estruturados;
– Envolver os familiares, pois assim os processos educativos transbordam os limites físicos da escola e a sociedade aprende junto e por mais tempo;
– Convidar e envolver brincantes diversos, a diversidade educa.
Dica do Escolas Exponenciais
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