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Você já parou para pensar nos benefícios em utilizar a tecnologia como uma facilitadora no processo de aprendizagem do aluno com deficiência? Alguns recursos tecnológicos aplicados em sala de aula podem ser boas alternativas para garantir a efetividade da inclusão escolar.

Se, por um lado, a premissa da educação inclusiva é assegurar a convivência e a integração das pessoas com deficiência em todo o contexto da escola regular, possibilitando a todos o direito à escolarização, a educação assistiva tem como foco resguardar os recursos que são necessários nesse processo educacional.

“A educação inclusiva relaciona-se com o direito à educação que está resguardado a qualquer pessoa, independentemente de suas condições físicas e intelectuais. Quando falamos de educação assistiva, a relação é mais com a disponibilização de recursos necessários e adequados para melhorar o processo educacional. Há uma série de ajudas técnicas que podem ser utilizadas nas mais variadas deficiências.  Estes dispositivos são chamados na tecnologia assistiva de recursos”, explica a educadora Janine Rodrigues, escritora de literatura infantojuvenil e fundadora da Piraporiando, uma editora e consultoria de arte-educação.

Entenda a importância da educação inclusiva para a sua escola

 

Tecnologia assistiva

De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas, a tecnologia assistiva na educação inclusiva possui característica interdisciplinar e pode ser trabalhada utilizando recursos, práticas e estratégias que tenham como intuito promover a participação e desenvolvimento de pessoas com deficiência. O objetivo é que a tecnologia seja uma ferramenta a mais oferecida pela escola para que o estudante possa ter maior autonomia e independência, além de possibilitar a inclusão social. Agora, o que garante a efetividade da tecnologia na educação inclusiva são os recursos que serão utilizados para melhorar a capacidade funcional de um estudante com deficiência.

Sendo assim, a coordenadora educacional Eliana Rabelo de Araujo Bozio, que é especialista em Psicopedagogia, Neuroaprendizagem e Psicomotricidade, além de atuar como professora em cursos de pós-graduação e formação de professores, ressalta que a tecnologia assistiva deve ser pensada por uma equipe de especialistas, que acompanham o aluno, em parceria com a escola para que, juntos, possam identificar os recursos mais apropriados ao atendimento da necessidade funcional de cada aluno.

Importância da tecnologia na educação inclusiva

De acordo com a coordenadora educacional Eliana Rabelo de Araujo Bozio, o uso da tecnologia em sala de aula é uma ferramenta bastante atraente a todos os alunos. Porém, mais do que despertar a atenção dos estudantes, a importância da tecnologia na educação inclusiva está relacionada ao desenvolvimento escolar e pessoal do aluno com deficiência. 

“O uso dessas ferramentas busca proporcionar à criança ou pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão escolar e/ou social. Entende-se como tecnologia tudo o que foge de um quadro e giz! A tecnologia promove diferentes formas de ampliação da comunicação desse aluno, de sua mobilidade, de seu controle do ambiente, de habilidades de seu aprendizado, além de integração com a família, amigos e sociedade”, explica. 

Na atualidade, há diversos programas que podem ser ‘adotados’ pelas escolas para facilitar e promover a inclusão do aluno com deficiência. Entre as opções, estão o Teclado Virtual e o Head Mouse. 

O primeiro é destinado para estudantes com mobilidade reduzida e pode ser utilizado na tela do computador com auxílio de uma caneta especial. Já o segundo recurso possibilita que pessoas sem movimentos nos braços consigam usar o computador sem precisar de ajuda de terceiros.

Para a pessoa com deficiência visual, o sistema DOSVOX permite fazer uso do computador por meio de sintetizador de voz. O software PRO DEAF, que surgiu com o intuito de romper barreiras na comunicação entre alunos ouvintes e surdos, executa tradução de texto e voz da língua portuguesa para Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Entretanto, para que as ferramentas escolhidas sejam acessíveis, é necessário conhecer as particularidades de cada aluno com deficiência. Por isso, Eliana ressalta que a equipe de coordenação, ou serviço de psicologia e/ou orientação educacional da unidade escolar deve realizar uma entrevista com os pais e/ou responsáveis para conhecer o histórico de vida do aluno e saber quais as reais necessidades da criança.

De acordo com a educadora Janine Rodrigues, saber o propósito da tecnologia assistiva escolhida é fundamental para o planejamento e definição dos objetivos. “Educação precisa de planejamento. Não é teste de erros e acertos. Para tudo é preciso planejamento, capacitação dos profissionais e avaliação do cumprimento dos objetivos”, pontua.

Como aplicar em sala de aula

A coordenadora educacional Eliana Rabelo de Araujo Bozio, afirma que a tecnologia na educação inclusiva também deve estar pautada na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). “Precisamos ter em mente a BNCC, onde os direitos de aprendizagem de todos os alunos passam a ser assegurados, cujo principal objetivo é garantir a educação com equidade, por meio da definição das competências essenciais para a formação do cidadão, em cada ano da educação básica”, justifica. 

 

Confira o papel do professor diante das novas tecnologias no processo educativo

 

Ainda segundo a profissional, a tecnologia deve ser utilizada em sala de aula a partir de projetos e temas decididos com os estudantes. Depois disso, professores e alunos devem iniciar as pesquisas e leituras. “É interessante desenvolver narrativas e linguagens utilizando diferentes formas de apresentação para a turma”, sugere.  

No Colégio Planck, em São José dos Campos (SP), um educador de história resolveu usar a tecnologia para facilitar a inclusão de alunos com deficiência. Ele e outros professores formaram um grupo e começaram um projeto de ensino híbrido, ou seja, uma metodologia que utiliza a tecnologia para mesclar o aprendizado online e offline.

A iniciativa surgiu após o profissional perceber que 50 minutos de aula expositiva não era sinônimo de aprendizagem de todos os estudantes da sala. Então, uma das propostas apresentadas foi a “sala de aula invertida”

Primeiramente, ele gravou uma videoaula e disponibilizou o conteúdo para que os alunos assistissem em casa. Em sala de aula, o tempo foi destinado para debater o assunto. Como resultado, o professor notou que cada aluno pode compreender o conteúdo no seu tempo. Enquanto alguns assistiram a aula apenas uma vez, outros precisaram ver novamente o vídeo e, também, teve quem pausou a exibição para voltar alguns minutinhos e assimilar melhor a explicação.

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