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Um dos principais desafios vivenciados pelos professores durante a pandemia é conseguir despertar o interesse dos alunos na aprendizagem remota. Afinal, fazer com que os estudantes participem ativamente das aulas online, seja por meio da comunicação oral ou um diálogo pelo chat, não tem sido tarefa fácil.

Foi a partir desse cenário que a professora de história Daniela Torres, que também é psicopedagoga, teve a iniciativa de estudar e pesquisar estratégias para conseguir superar esse obstáculo.

“Mil sites dizem que o aluno não interage na aula online porque tem vergonha de abrir a câmera e mostrar seu rosto ou a casa, ou que tem vergonha de falar e expor suas ideias na internet. Porém, a maior parte desses jovens que não interagem nas aulas se expõem nas redes sociais. O que vejo, ao analisar a escola de qual eles saíram antes da pandemia, é que passamos a vida inteira controlando a participação desses estudantes e agora queremos que, do dia pra noite, sejam protagonistas da própria aprendizagem”, pontua Daniela, que leciona em uma escola particular de Salvador (BA).

A educadora acredita que o ‘silêncio’ que existiu em suas turmas no início do ensino remoto foi resultado da sua prática presencial e aula expositiva. “Desde que coloquei meus alunos no centro do processo de ensino-aprendizagem, o silêncio dissipou-se naturalmente e a falta de interação deixou de ser um desafio pra mim. Hoje minhas turmas caminham na educação do século XXI”, acrescenta.

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Mudança necessária

De acordo com Daniela, o cenário pandêmico acelerou uma mudança que era necessária na educação. “Quando as aulas ficaram remotas, os alunos perderam o referencial físico/presencial de poder, o que ocasionou a sensação de que as aulas não estavam acontecendo e nem gerando aprendizagem. Os professores também ficaram perdidos, sem saber como fazer as coisas darem certo”, afirma. 

Por outro lado, a educadora Sibele Lange, que é líder em formação docente, especialista em designer educacional e mestre em indústria criativa, destaca que o momento também tem sido desafiador para os estudantes. “Exige organização e pré-disposição deles, mas também existe outro fator que diz respeito à didática do professor, e que tem sido uma das maiores reclamações de estudantes atualmente. O professor teve que se reinventar e muitos ainda insistem em reproduzir suas aulas presenciais no universo on-line”, afirma.

Para te ajudar neste desafio, as educadoras Sibele Lange e Daniela Torres listaram 8 dicas para garantir mais participação dos alunos durante as aulas remotas. Confira.

1. Repense conteúdos

A primeira orientação da educadora Sibele Lange é para pensar como o conteúdo será apresentado, de acordo com o objetivo da aula e das competências que serão desenvolvidas. Para assistir um filme ou um teatro online, qual conhecimento prévio este estudante precisa ter? Use a arte, música, fotografia ou qualquer outro domínio para tornar a aula mais criativa.

2. Organize os arquivos de forma intuitiva

Pense em todos os “estilos de aprendizagem” dos estudantes, pois quanto mais diversificados forem os materiais, melhor será a experiência deles. A dica da Sibele é para organizar pastas no desktop, uma somente com vídeos, outra com jogos, outra com podcasts, deixando os conteúdos já separados.

3. Incentive o uso das câmeras

Todos sabem que, muitas vezes, os alunos e alunas estão deitados apenas ouvindo a aula. Então, Sibele reforça a necessidade de solicitar a participação dos estudantes na aula.

4. Monte um roteiro para cada conteúdo

A sugestão da professora Daniela Torres é para verificar quantas aulas serão utilizadas e, então, esquematizar o início, meio e fim. “Introduza a aula com algo que faz parte da realidade que seu aluno vive, mesmo que não esteja diretamente ligado ao assunto da matéria. Desenvolva as aulas seguintes com desafios, utilize o conhecimento prévio e valorize cada contribuição. Finalize o roteiro com uma atividade interativa em que seja possível perceber a aprendizagem”, sugere.

5 . Aposte nas redes sociais

Para Daniela, é necessário utilizar as redes sociais a favor da educação e da aprendizagem. Por isso, seja presente nas redes sociais, faça post sobre curiosidades, fatos interessantes e assuntos que você acredita que os alunos deveriam ler.

6. Proponha desafios

Aposte na educação gamificada, utilize jogos a favor do conhecimento. “Se não tiver habilidade com isso, peça ajuda aos alunos e veja quais jogos eles conhecem e gostam”, orienta Daniela.

7. Dê significado aos conteúdos

“Ao final de cada conteúdo, solte um spoiler do que vai acontecer na aula seguinte e explique porque é importante aprender aquilo pra vida prática. Se você não encontrar resposta para dar ao aluno sobre algum conteúdo, é porque precisa refazer o currículo urgente”, afirma Daniela.

8. Coloque o aluno no centro do processo

Para a professora Daniela, a dica de ouro é ir deixando aos poucos as aulas expositivas e, gradativamente, ir substituindo por outras estratégias. “Ao invés de usar uma apresentação no PowerPoint, abra um jamboard colaborativo e peça para cada aluno escrever uma frase ou colar uma imagem sobre determinado tema, permita que eles pesquisem na internet para que se sintam seguros em participar. A partir daí, comece a falar e organizar o pensamento coletivo e aos poucos vai perceber que as aulas expositivas ficaram no passado”, enfatiza.

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